sábado, 18 de fevereiro de 2012



Casamento sem amor entre cristãos

Publicado: 15/02/2012 em AmorEspiritualidadeFelicidadePecadoRelacionamento,SaudadeSofrimentoSolidão
Muitos amigos do APENAS constantemente me pedem para escrever sobre os mais variados assuntos. Os três mais pedidos sem dúvida são dízimo, prosperidade e amor. Sobre o dízimo já aviso que estou escrevendo um post enorme sobre isso. Mas como vivemos numa época em que muitos líderes-celebridades (geralmente desigrejados ou emergentes) equivocadamente estão ensinando que não é preciso mais praticar esse ato milenar e muitos estão realemte acreditando nisso, é preciso escrever de forma muito bem alicerçada na Bíblia. Sobre a falsa prosperidade, escrevi o post “A Demonologia da Prosperidade“, que trata da Teologia da Prosperidade a fundo. E para quem me pergunta sobre qual é a verdadeira prosperidade do cristão eu sempre recomendo que leia um pocket book que esgota o assunto: “Prosperidade” (custa só R$ 4,90). Tudo o que eu poderia dizer está ali, então me sentiria redundante de abordar o tema aqui. E sobre o amor, a causa é o post “Solitários, carentes e infelizes“, que levou e ainda leva  uma enorme quantidade de pessoas a me escrever pelos comentários aqui do APENAS, pelo twitter e até por e-mail contando experiências desastrosas e muito tristes em suas vidas matrimoniais. São muitos e muitos casos de pessoas que casaram por razões erradas e agora vivem vidas infelizes, para não dizer miseráveis. Houve até quem tentasse o suicídio. Por isso, sendo um dos três assuntos mais levantados,  retorno a ele, sem o objetivo de ferir qualquer sensibilidade, mas sim edificar, exortar e consolar.
A verdade é que o amor existe desde a eternidade. A Bíblia diz que “Deus é amor”, portanto a Trindade convive em amor desde sempre. Isso faz dele um dos sustentáculos da existência, sem o qual nada haveria. O Filho ama o Pai, o Pai ama o Filho. Ambos amam o Santo Espírito, que os ama em retorno. E é um amor perfeito. Portanto, quando Gênesis relata a conferência santa em que o Criador, no ato da criação, diz “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26a), o que as três pessoas que formam o Deus Uno estão praticando é um enorme ato de amor: criar um ser que replique, mesmo que de modo imperfeito, aquilo que elas já viviam desde a eternidade. Logo, quando eu e você amamos, simplesmente estamos reproduzindo uma sombra daquilo que o Altíssimo faz com toda perfeição desde sempre.
Embora muitos não saibam, a famosa passagem de 1 Coríntios 13 não fala do amor humano, mas do ágape, que no grego se refere ao amor divino. Aquilo que ali está escrito simplesmente é inaplicável em sua plenitude num relacionamento humano, por mais que um casal se ame ao extremo. Só que, como fomos criados para imitar ou no mínimo nos esforçarmos ao máximo para mimetizar o que é de Deus (isso está claro ao lermos Jesus dizer “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus – Mt 5.48 – e Paulo afirmar “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo – 1 Co 11.1), podemos dizer que o amor de 1 Coríntios 13 é o alvo para os que amam, é nosso ideal utópico – por perfeito que é. Então é bonito que se refira a essa passagem num casamento, por exemplo, como o exemplo máximo do amor que nunca conseguiremos viver mas que devemos perseguir a todo custo. Pois há beleza e propósito na utopia.
A Trindade se ama pelas razões certas, por o amor de cada uma das três pessoas está tão entranhado que seria impossível dividir essas três entidades. Por isso são três mas são um: nesse mistério indecifrável para a limitada mente humana, fica claro que o perfeito amor entre Pai, Filho e Espírito Santo torna totalmente impossível que se afastem ou se separem, pois se amam tanto que sua unidade é absoluta e irremovível . Veja as palavras do Pai no batismo do Filho em Mt 3.17: “Este é o meu Filho AMADO, em quem me agrado”. E nesse momento em que o amor é declarado, quem aparece na forma de uma pomba, pousando sobre Ele e, assim, chancelando esse amor? O Espírito de Amor (Rm 15.30; Gl 5.22).
E nós, reles humanos errantes?
Aqui descemos do campo da realidade celestial perfeita para a difícil e imperfeita esfera humana. Botamos os pés no chão. Pois a verdade é que vivemos enfiando os pés pelas mãos. Conhecemos e praticamos um amor equivocado, cheio de falhas. Se nosso amor tomasse forma de uma ave provavelmente não seria uma pomba, mas uma ave de rapina, de tão imperfeito que é se comparado ao ágape divino. Deus criou um modelo perfeito para o relacionamento entre homem e mulher. Mas muitos não o praticam por suas próprias teimosias, por sua concupiscência ou por pressão externa. E isso é apenas um reflexo de nossa forma errada de amar: queremos viver o amor ao nosso modo e não ao modo de Deus. E aí começa toda a enxurrada de erros que nos distanciam do Senhor, nos tornam equivocados e provocam tristeza e infelicidade em milhares de cristãos dentro de seus casamentos. Por fim, isso resulta numa vida de melancolia e frustração e, frequentemente, em adultérios e divórcios.
Dentre todos os relatos que chegaram até mim, as principais causas que levaram cristãos a casamentos infelizes estão o medo da solidão, a idéia de que “está passando da idade de casar”, a vontade de ter filhos e o aspecto estético ou moral do outro. Vamos então falar um pouco sobre cada um desses aspectos à luz do amor ideal, que é o da Trindade.
Os 4 erros principais
O primeiro erro que leva cristãos a serem infelizes em seus casamentos é a escolha do cônjuge por questões estéticas ou pelo fato de ele (ou ela) apresentar pequenas boas qualidades.  Esses, na verdade, não se casam com uma pessoa, mas com uma aparência ou com um bom caráter.  Errado.  “Ela era linda!”, costumam dizer os homens. “Eu queria me casar com um cristão, ele, dos solteiros da igreja, me parecia o mais espiritual, o mais legal, o que mais me agradava… aí eu casei com ele”. Pobres almas.  Essa é a razão mais distante do ideal divino. Deus é espírito. Ele é incorpóreo. E, na encarnação do Verbo, Isaías 53.2b fala a respeito de Jesus que “Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia em sua aparência para que o desejássemos.”. Logo, o amor entre os membros da Trindade jamais pode ser atribuído a qualidades físicas ou estéticas, nem a “ser alguém legal”.
Mas, isso sim, à essência, ao conteúdo, ao que há de mais profundo em cada pessoa da Trindade. O Pai ama o Filho por quem Ele é. E vice-versa. Eu Sou, apresenta-se a Moisés. O Espirito Santo é. Sua essência é pura como uma pomba branca. A essência de toda a divindade, seu conteúdo, seu interior… é isso que faz dela uma unidade em amor. Não é a beleza de um homem nu, cuspido, sanguinolento e desfigurado numa cruz que faz o Pai ou o Espírito amá-lo, pois aquele feito maldição pendurado no madeiro era alguém com substância e solidez, digno de amar e ser amado. Tanto que em Apocalipse só Ele é digno de abrir os selos. Jesus continua sendo amado de eternidade a eternidade: após sua ascenção e glorificação, onde Estevão o vê na hora de seu apedrejamento? Junto ao Pai amado. Por isso, uma pessoa casar-se pelo físico é entrar pela contramão do que motiva o amor divino. Casar porque “ele é um cara legal” é infringir essa verdade básica. E com isso pecam. E se condenam à infelicidade, pois beleza e gentileza mudam com o tempo. Essência não.
Outros cristãos se casam para realizar o sonho de ter filhos. Errado. Biblicamente, o filho é a consequência do amor entre um homem e um mulher e gerar um filho jamais pode ser a causa de uma união. É uma inversão biblicamente absurda. Isso é  como se a Trindade se amasse apenas para que nós existíssemos. O que é, por isso mesmo, um pensamento herético. Como se a humanidade fosse a razão de a Trindade existir. Na verdade, unir-se a alguém apenas para ter um filho é uma subversão da essência e da razão do amor e uma afronta à essência de Deus. É virar ao avesso o que significa ter sido criado à imagem e semelhança do Todo-Poderoso. Mas muitos fazem isso. E, como rompem a ordem humana que mimetiza a divina, atraem para si deformidade espiritual. E com isso pecam.
Alguns cristãos se casam porque acham que estão passando da idade. Errado. O amor divino ignora o tempo, por ser eterno. Não teve começo nem terá fim. O importante então não é o “quando”, mas o “com quem”.  Isso é absolutamente elementar na Bíblia mas, infelizmente, nossa sociedade mundana alterou esses valores – que invadiram o pensamento nas igrejas. O relacionamento motivado pelo tempo, quando aplicado à humanidade, torna-se uma sublevação contra o que é relevante para a divindade. No batismo de Jesus, o Pai não diz que João Batista é seu filho amado. Ele aponta o verdadeiro amado. Logo, biblicamente importa a pessoa, se queremos amar nos moldes que o Senhor estabeleceu, enquanto o tempo é irrelevante. Por isso que casar-se porque se está “passando da idade” ou “ficando para titia” é uma aberração bíblica e as igrejas deveriam urgentemente parar de pressionar seus membros a casar cedo – mas sim ensinar a casar certo. Pois casar devido ao tempo e não à pessoa é pecado.
Por fim há os que casam com medo da solidão. Errado. Maridos e esposas não são damas de companhia. São pessoas que se fundirão e se tornarão um só, mais uma vez repetindo o padrão divino de pessoas distintas que se tornam um Uno. O amor entre Pai, Filho e Espírito Santo há porque sao pessoas que se amam. Parece redundante? E é. Não eram três pessoas distintas que vagavam pelo espaço solitárias e por isso resolveram se unir. Não. A essência dos três é igual. Os atributos dos três sao os mesmos. Todos são onipotentes, oniscientes, onipresentes, justiça, santidade.
Do mesmo modo, na nossa cópia imperfeita e humana dessa relação devemos nos unir somente e tão somente a alguém que nos complete em essência, cujo espirito se funda ao nosso, que  nos faça plenos. Casar com medo da solidão é não compreender que o amor divino vive justamente devido a essa compleitude e não o contrário. A Trindade não existe para realizar a compleitude e assim aplacar a solidão, mas, por ser amor, a solidão deixa de existir. É justamente o inverso.
Quando Jesus brada ao Pai na Cruz perguntando: “Por que me abandonaste?!” foi claramente uma expressão de saudade do Ser amado e jamais um grito desesperado de alguém solitário. O Filho sabia com toda certeza que o Pai estava ali e que Ele não tinha sido abandonado. E eu provo: quais são suas últimas palavras? “Pai, em tuas mãos entrego meu Espirito”. Ora, se Jesus achasse que tinha sido abandonado não conversaria com o Pai – logo, o Cristo sabia que não estava só. Seu brado era puramente de saudade. Saudade de quem se ama.
Portanto, nós, humanos, nunca devemos nos casar pela razão errada do medo da solidão, mas única e exclusivamente por sentirmos uma saudade tão avassaladora da pessoa amada que nos sentimos abandonadas quando ela não está por perto. Isso é amor. E negligenciar isso… é pecado.
Palavras finais
Muitos e muitos relatos chegam a mim de cristãos infelizes em suas vidas matrimoniais. Casaram-se por diversos motivos errados. Há ainda os que já namoravam há muito tempo e tiveram de decidir se casar ou se separar; os que tiveram relações sexuais e engravidaram, sendo forçados pelas famílias a se casar; os que casaram para não se abrasar… enfim, há uma grande gama de razões que levam os cristãos a se casarem pelos motivos errados. Procurei abordar aqui as quatro que são mais frequentes de acordo com o que chega até mim da parte de irmãos muitas vezes desesperados por não saberem o que fazer. E eu sempre desaconselho o divórcio, pois “Deus odeia o divórcio” (Ml 2.16).
Para os que já vivem casamentos infelizes, acnselho a que busquem na oração e na graça de Deus o alento para suas feridas. E meu conselho principal fica então para os que ainda não se casaram: só se case pelas razões certas. Siga o exemplo da Santíssima Trindade, que é amor, é una em amor e a partir de cuja imagem e semelhança fomos criados. Portanto, a Trindade é o nosso modelo e exemplo. Seguir qualquer caminho no âmbito do amor que não esteja de acordo com o padrão da Trindade representa desobediência a Deus. E desobediência a Deus é sinônimo de pecado.
Portanto, um cristão se casar pelas razões erradas representa a certeza da infelicidade no futuro e, mais do que isso, representa uma vida de mentiras e pecado. Seja cristão não apenas de boca. Aja como tal e ame como tal. Ou seja: como Deus ama.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.

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